Não ouse a confundir o Qanoun com o alaúde!

(Na foto Sami Bordokan e Claudio Kairouz)

Brincadeiras a parte, acontece muito a confusão entre esses dois instrumentos de corda, talvez até saibamos distinguir os sons. Mas não necessariamente estaremos distinguindo os shimmies (tremidos). Dessa forma, os sons dos dois instrumentos irão parecer iguais ao seu corpo e consequentemente ao público. 
Nós, como bailarinas, temos uma função muito especial e fundamental para um espetáculo de musica árabe. Devemos interagir com o público apresentando a nossa arte, nossa desenvoltura, nossos sentimentos... Porém não se trata apenas de “nós”, devemos também apresentar as marcas de uma cultura que estão impressas em suas musicas. Então, vamos fazer a gentileza de apresentar aos espectadores o maravilhoso som do qanoun! Ele é único! 





( Jovem egipcia tocando um intrumento - fonte da autoria indisponível)



O som desse instrumento é mais estridente que o Oud. Suas notas são mais fragmentas, pois o instrumentista manipula cordas agrupadas triplas, então ele pode apresentar essas notas extremamente rápidas como um “trrrrrrriiiimm”. Por isso, vamos fazer “trrrrrreeeemeeerrrrrr” o nosso ventre ou até o nosso corpo todo dependendo da intensidade que queira traduzir. 

(Qanoun - foto de Suria haddad)


Podemos usar muito tremido de tensão, mas cuidado, ele pode parecer invisível para o publico que esteja distante, por isso sugiro exercitar e treinar muitas intensidades diferentes, mesmo porque, essa dinâmica faz parte das composição de um solo de qanoun.

É surpreendentemente mágico quando observamos em uma linda musica clássica, os contrastes de uma mesma frase melódica tocada pela majestosa orquestra e em seguida uma resposta singela, porém marcante, do qanoun. É o momento em que paramos de girar e voar para aproximarmos os nossos braços ao corpo, mãos em movimentos suaves aos quadris e graciosamente riscar linhas, oscilações, pequenas ondulações e toques quase maliciosos como quem cutuca alguém amigo antes de um sorriso saudoso. É o momento e darmos toda a atenção do mundo ao delicado qanoun. 

(Sei que já postei esse video lindo da bailarina Lucy em outros artigos, é uma das minhas musicas preferidas e ela demonstra claramente como traduzir um qanoum com personalidade, sentimentos, respeito e sofisticação)


Se existisse somente um único som que correspondesse a um único movimento, eu diria que é o som do qanoun para o shimmie tenso.

Deixo vocês com o único artista no Brasil que se dedica a tocar Qanoun atualmente, Claudio Kairouz que está acompanhado pelo jovem artista tunisiano Raouf Gemini:


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